O MANUSCRITO
De vez em quando ela relê o manuscrito
De todo o caso tórrido
Eles comparam suas identidades
Ele disse: “Eu não sou um doador, mas
Eu lhe daria meu coração se você precisasse”
Ela revira os olhos e disse:
“Você é um profissional”
Ele disse: “Não, apenas um bom samaritano”
Ele disse que se o sexo fosse tão bom
Quanto a conversa
Logo eles estariam empurrando carrinhos
Mas logo acabou
Na idade dele, ela desejava ter trinta
E fazia café todas as manhãs numa prensa francesa
Depois ela só comia cereal infantil
E não conseguia dormir a menos que estivesse na cama de sua mãe
Então ela namorou garotos que tinham a idade dela
Com alvos de dardos na parte de trás de suas portas
Ela pensou em como ele disse
Já que ela era sábia além de sua idade
Tudo estava acima do limite
Ela não tinha certeza
E os anos se passaram como cenas de um show
O professor disse para escrever o que você sabe
Olhar para trás talvez seja a única maneira de seguir em frente
Então os atores estavam atingindo suas marcas
E a dança lenta estava iluminada com as faíscas
E as lágrimas caíram em sincronia com a partitura
E, enfim
Ela soube para que serviu a agonia
A única coisa que restou é o manuscrito
Uma última lembrança da minha viagem às suas costas
De vez em quando eu releio o manuscrito
Mas a história não é mais minha